Jesus e as crianças

As crianças eram levadas até Jesus para que fossem abençoadas por Ele, mas, os discípulos as afastavam.

Então Jesus, vendo o que estava acontecendo, indignou-se e disse-lhes:

“DEIXAI VIR A MIM AS CRIANCINHAS, E NÃO AS IMPEÇAIS, PORQUE DELAS É O REINO DE DEUS.

EM VERDADE, EU VOS DIGO QUE, QUALQUER UM, QUE NÃO RECEBER O REINO DE DEUS COMO CRIANÇA, DE MANEIRA NENHUMA ENTRARÁ NELE”.

E, tomando-as nos seus braços, Jesus as abençoou, pondo as mãos sobre elas.

(Marcos 10:13 a 16)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Capítulo do livro: A Umbanda de Todos Nós, na Casa do Pai Thomás de Arruda

UMBANDA PARA CRIANÇAS


           As crianças precisam de atenção. Esse foi o pensamento que me despertou para o trabalho com elas.      Elas são curiosas e sempre se aproximam com perguntas e comentários sobre o que vêem nas giras. Como é de se esperar delas, com autenticidade e simplicidade.
           O ritual umbandista desperta e estimula os sentidos. As crianças gostam disso. Há cores por todos os lados. São velas, guias, flores e imagens.
A defumação e o cheiro das velas queimando despertam o olfato, assim como os doces e guaranás estimulam o paladar.
O contato, através dos passes com as entidades, desperta o calor humano, em forma de carinho e aconchego.
As crianças ficam encantadas com a melodia e a letra fácil dos pontos cantados. Desde pequeninas, entoam os pontos com facilidade e prazer.
           Elas não podem passar despercebidas na Umbanda, que tem em uma de suas bases uma Linha de Trabalho totalmente dedicada às crianças espirituais, cuja expressão nos remete ao bem e a pureza.
As crianças da Terra precisam da mesma atenção. Têm prioridade de atenção, assim como em outras áreas e situações da vida.
           A atenção precisa partir primeiro dos pais e responsáveis. A criança aprende, principalmente, por imitação. Ética e religiosidade são alguns dos valores que precisam ter nos adultos o exemplo.
Os espaços de convivência como a escola, a religião, a vizinhança são determinados exclusivamente pelos adultos. O espaço religioso precisa complementar, enquanto grupo social da criança, os princípios e valores adotados e praticados pelas referências familiares.
           Os pais umbandistas precisam cobrar dos dirigentes de suas casas atenção à formação religiosa dos seus filhos. Essa é uma maneira de despertar a comunidade umbandista para a necessidade de se educar as crianças dentro dos princípios da religião e da convivência em grupo.
É preciso também se educar para a diversidade e para a pluralidade, tão presentes em nossa Umbanda, despertando nas crianças, desde cedo, valores como a tolerância, o respeito e a paz.
           A Umbanda, contrapondo-se a valores ultrapassados, nos desperta para a valorização das crianças, dos mais velhos, da natureza, da diversidade de culturas, da inclusão, das mães e dos pais como instrutores do espírito, da subjetividade, do equilíbrio material e espiritual, do autoconhecimento, entre outros.
           Será que essa riqueza de experiências e de conhecimentos está sendo transmitida às nossas crianças para que lhes possa servir de orientação e de respaldo em sua formação?
           Precisamos refletir a respeito e questionar se estamos aproveitando para nós mesmos, primeiramente. Somente assim poderemos ver a importância de mostrarmos esse caminho chamado de Umbanda aos nossos filhos.
           Aqueles pais que não reconhecem na Umbanda as possibilidades de formação e de desenvolvimento dos seus filhos, levando-os nos trabalhos, mas negando-lhes informação e esclarecimento, quando não os privam de serem batizados em sua religião, muitas vezes por vergonha ou ignorância, precisam repensar o que estão fazendo com e na Umbanda.
           A Umbanda precisa de crianças instruídas em seus valores, mas pra isso, precisa primeiro de pais, biológicos e espirituais, esclarecidos e cientes dessa grande oportunidade, totalmente em consonância com os novos caminhos da humanidade.
           Seu Zé ressaltou também que é importante cuidar da formação das crianças para que cheguem aos Terreiros mais preparadas para desenvolver a mediunidade.
Se observarmos, a manifestação mediúnica está presente em muitos grupos familiares. São avós, tios, mães, pais e filhos com mediunidade. Por isso é tão importante orientar e preparar as crianças, com naturalidade, para que não sofram desnecessariamente.
           Muitas crianças que frequentam o Terreiro e não são filhos de médiuns também apresentam, precocemente, sinais de mediunidade. Elas demonstram determinação em relação à missão que trazem consigo.
Promovi o primeiro encontro de crianças sem muita expectativa, impulsionada pela necessidade de dar o primeiro passo. Demorei um ano e meio para fazer o segundo encontro, mas sempre o Seu Zé me lembrava, de tempos em tempos, do meu compromisso com elas.
           O segundo encontro de crianças finalmente aconteceu, fortalecendo a vontade de que outros aconteçam e que não parem mais.
           Senti-me muito encorajada e entusiasmada em dar continuidade ao trabalho com as crianças, pois percebi que elas se mostram mais interessadas em aprender que muitos médiuns.
           É importante também preparar outras pessoas para que a atenção às crianças seja permanente. Para tal é imprescindível que não dependa apenas de uma única pessoa.
           Foi este o pensamento que me fez escolher uma companheira de trabalho, com tanta vontade quanto a minha para dar atenção às crianças.